Queridas famílias e amigos,
Hoje, abordarei um tema fundamental: a dor em patologias neurocirúrgicas, na população pediátrica. Como Neurocirurgiã Pediátrica, meu compromisso é trazer informações claras e acolhedoras sobre como manejamos a dor em nossos pacientes mais jovens. Vamos explorar “Caminhos da Dor: Entendendo e Aliviando o Desconforto”.
1. Síndrome de Abstinência:
Crianças que recebem analgésicos opióides por mais de 2 semanas antes da cirurgia podem enfrentar a síndrome de abstinência. É crucial uma redução gradual da medicação para evitar desconfortos como irritabilidade, diarréia e tremores. O pré e pós-operatório são fases sensíveis, e estamos atentos para evitar a hiperalgesia de rebote.
2. Tumores Intracranianos:
Procedimentos na fossa posterior requerem uma abordagem única devido à complexidade e à necessidade de maior dissecção muscular. Optamos por um cuidado abrangente, combinando bloqueio intra operatório do couro cabeludo, AINEs e opioides para assegurar um alívio eficaz da dor pós-operatória.
3. Síndrome de MoyaMoya:
A rara Moyamoya apresenta desafios progressivos. Buscamos evitar a dor em meio ao aumento do metabolismo cerebral associado. Mesmo com os efeitos colaterais dos opióides, eles são fundamentais para controlar a analgesia nesses casos delicados.
1. Malformações Arteriovenosas:
Malformações AV exigem um equilíbrio cuidadoso, pois extremos de pressão arterial podem ser prejudiciais. Mantemos analgesia e sedação enquanto garantimos a estabilidade hemodinâmica para um cuidado seguro e eficaz.
2. Reconstrução Craniofacial para Craniossinostose:
Procedimentos invasivos são desafiadores, e compreendemos a importância do conforto pós-operatório. Muitas crianças necessitarão de transfusões sanguíneas, e buscamos aliviar a dor com opióides administrados com precisão.
3. Malformações de Chiari:
Abordamos com delicadeza as malformações de Chiari, adaptando nosso cuidado a cada caso. A malformação tipo 1, mais leve, frequentemente é tratada conservadoramente, incorporando diferentes agentes, desde opióides até AINEs e antidepressivos.
4. Traumatismo Craniano:
A tempestade simpática após TCE grave é uma fase delicada, se manifesta por agitação episódica, febre, alteração postural e sudorese. Frequentemente, é observada concomitantemente com o desmame de analgésicos e sedativos no ambiente da unidade de terapia intensiva (UTI). Estratégias terapêuticas incluem transições cuidadosas de narcóticos. A clonidina é uma aliada para reduzir os níveis de norepinefrina e epinefrina, proporcionando conforto durante a recuperação.
5. Dispositivos Implantáveis:
Em procedimentos com dispositivos implantáveis, como estimuladores do nervo vago e bombas de baclofeno, avaliamos minuciosamente o estado pré-operatório e consideramos medicamentos domiciliares que possam influenciar a terapia analgésica pós-operatória. Algumas medicações podem apresentar sinergismos.
Agradeço a confiança depositada. Fiquem atentos para mais informações valiosas sobre o cuidado pediátrico dos nossos pacientes neurocirúrgicos!